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Barrabás - o Barba Azul

Barrabás - o Barba Azul

Emanuel Fazbulha, o Futuro Radiante da Mediocridade

Barba Azul, 30.04.25

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Há nomes que marcam uma geração. Mandela, Kennedy, Churchill e, entre nós, Emanuel Fazbulha, mais um prodígio do nosso tempo, moldado a rigor na mais fina escola de formação política, a afamada e bem conhecida Fábrica Nacional de Boys e Girls, vulgarmente conhecida como Juventude Socialista, ou Universidade do Tacho, com mestrado em Aparelhismo.

Fazbulha, que aos 17 anos já sonhava em ser vereador de qualquer coisa, nem ele sabia bem o quê, desde que desse cartão de visita, trilhou o caminho exemplar dos grandes estadistas com origem na mesma escola.
Sessões de moções vazias, jantares de networking com presidentes de secção e aquela irresistível capacidade de nunca dizer nada que possa ser verdadeiramente comprometedor, mais um talento nato, para abanar com a cabeça.

Hoje, Fazbulha é apontado, com a mesma seriedade com que se aponta um saco de lixo, como o futuro da política nacional. Um futuro, diga-se, risonho para quem gosta de regimes ocos, onde o importante não é ter ideias, mas sim colecionar cargos, comissões e fotografias ao lado de presidentes de Câmara com ar de frete.

Mas não sejamos injustos, Emanuel é fruto de um sistema que recompensa a perseverança no jogo do faz-de-conta. É preciso coragem para aguentar anos a fio em reuniões de concelhia onde se debate com fervor a melhor cor para as t-shirts da campanha. É preciso uma fibra especial para sobreviver à selva de intrigas da secção jovem, onde a traição se pratica com a leveza de quem troca cromos da bola.

Enquanto o país real trabalha, estuda, ou emigra, Fazbulha avança, como um verdadeiro self made man, patrocinado pelo erário público, com uma folha de serviços impressionante, se não, vejamos. Organização de almoços-comícios, posts no Instagram a enaltecer as conquistas do governo socialista e intervenções entusiasmadas sobre a importância do empreendedorismo, sempre debaixo do chapéu protetor de um qualquer deputado que lhe garanta a carreira.

É esta a nova esperança, Emanuel Fazbulha, o milagreiro local, com aspirações de adulto precoce da política instantânea, que acredita piamente que governar é uma extensão natural de fazer parte da máquina certa. Um fenómeno de eficiência, não lhe conhecemos ideias, não lhe registamos projetos, mas tem já garantida a admiração dos seus pares, todos eles, claro, também enfiados até ao pescoço na mesma rede de favores, cunhas e salamaleques.

A democracia portuguesa, cada vez mais esburacada de credibilidade, agradece, afinal, não é todos os dias que se encontra alguém tão genuinamente dedicado à arte de ocupar espaço sem dizer nada, de ocupar lugares sem mudar nada, de ocupar o futuro sem sonhar com nada, a não ser o seu lugarzinho nas listas, sejam elas quais forem.

Emanuel Fazbulha é o nosso aviso, o alerta encarnado de como a política, sequestrada por estas fábricas de boys & girls, se transforma num teatro de sombras, onde o talento verdadeiro é visto como uma ameaça e a mediocridade bem alinhada é premiada com cargos, assessorias e, se tudo correr bem, uma secretaria de Estado, aos 30 anos, para poder falhar com mais orçamento e mais assessores.

Por isso, ergamos uma salva de palmas ao jovem Fazbulha. Ele é tudo o que a política não devia ser, e, por isso mesmo, o retrato mais fiel do que ela infelizmente se está a tornar.

Os dois videntes do PS - Crónicas do Carreirismo

Pedro Delgado Alves & André Pinotes Batista, a Arte de Falar Sem Dizer Nada

Barba Azul, 15.04.25

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Pedro Delgado Alves e André Pinotes Batista são, cada um à sua maneira, filhos predilectos da máquina do Partido Socialista. Enquanto um parece ter saído diretamente de um manual de Direito Constitucional, comentado à luz da jurisprudência interna do Rato, o outro nasceu para declamar discursos com a intensidade de quem acredita que está no Coliseu de Roma, ou a relatar um jogo de futebol, na CMTV.

Pedro é o político de gabinete por excelência, um académico encartado que parece ter sido moldado para justificar qualquer trapalhada do PS com um sorriso tecnocrático e uma citação de rodapé. Ocupa a sua cadeira no Parlamento com a compostura de quem está sempre prestes a corrigir um aluno mal comportado e, de facto, é um mestre em corrigir o eleitorado sempre que este teima em não perceber as nuances do socialismo de conveniência.

Pedro Delgado Alves é o epítome da modéstia involuntária, aquele tipo raro de político que consegue transitar entre o Parlamento e os estúdios de televisão, com a graciosidade de quem nasceu para nos explicar o óbvio. Uma estrela cintilante do Partido Socialista, que brilha, não por iluminar o caminho, mas por reflectir intensamente as luzes dos holofotes.

André Pinotes Batista é, antes de mais, um fenómeno de entusiasmo que encanta e surpreende. Um entusiasmo quase comovente, daqueles que não se vêem desde os tempos em que os deputados ainda acreditavam que tinham algo para dizer. No caso de Pinotes, o problema não é a ausência de convicção, é o excesso de pose.

Pinotes não discursa, interpreta. Cada intervenção sua na Assembleia da República parece ensaiada ao espelho, com entoações milimetricamente calibradas e pausas dramáticas estrategicamente posicionadas, como se estivesse permanentemente em audição para um telefilme sobre o 25 de Abril. É a política como monólogo de palco e, como todo o monólogo, raramente admite contraditório.

Surgido nas fileiras do Partido Socialista como a personificação da nova geração, uma expressão que, no PS, significa mais do mesmo, mas com gel no cabelo, Pinotes rapidamente percebeu que a política moderna recompensa a aparência de conteúdo mais do que o conteúdo em si. E assim moldou a sua carreira, um deputado que nunca perdeu uma oportunidade para aparecer, mesmo que não tenha absolutamente nada de novo para dizer.

Mas onde verdadeiramente brilha é nos estúdios televisivos, onde a sua retórica inflamada pode expandir-se livre das amarras da realidade legislativa. É nesses espaços que André se transcende, transformando banalidades em epopeia, críticas em ataques pessoais e hesitações do partido em gestos estratégicos. Com ele, qualquer derrapagem ética pode ser embalada como uma falha de comunicação.


E se for necessário atacar a oposição? Faz-se, mas sempre com aquele tom magnânimo de quem, se não fosse socialista, seria provavelmente padre.

Pinotes, com aquele nome que parece inventado por um guionista da RTP Memória, representa o outro lado da moeda, o homem de causas, o filho do operariado que se transformou em tribuno do povo, com um ar sempre pronto a protagonizar um filme autobiográfico na RTP1 sobre a geração da Jota.

É a voz emocional do PS, enquanto Pedro é a voz nasalmente racional, mas ambos unidos por uma fidelidade canina ao partido, mesmo quando este se contorce em malabarismos éticos que fariam corar um deputado grego.

Curiosamente, ambos parecem acreditar que o comentário televisivo é um desígnio patriótico. Pedro, com o seu ar de professor, explica pacientemente porque os outros partidos estão errados, sobretudo se forem de esquerda, à sua esquerda, contrasta com Pinotes, sempre inflamado, como se cada painel fosse a última trincheira da social-democracia softcore, ou a não marcação de um penalti, a favor do seu querido Leão.

Enquanto Pedro Delgado Alves sobe na vida, pelas escadas encaracoladas do juridiquês, Pinotes vai de elevador emocional, acionado por frases sonantes e causas que soam bem no Twitter. Um recita pareceres, o outro escreve epílogos, mas ambos servem o mesmo altar, o culto da longevidade política à custa da convicção, ou da sua aparência.

Pedro Delgado Alves é daquele género raro que consegue estar presente em todos os fóruns mediáticos sem jamais arriscar uma ideia que o possam seguir no Google. Pinotes, pelo contrário, acredita que a emoção compensa a falta de conteúdo, e, comove-se, se necessário, com o som da própria voz.

No fundo, são duas faces da mesma moeda socialista, uma polida pela academia, outra esculpida pela dialética retórica, em que se mostram especialistas entre os melhores. Complementares, inseparáveis e igualmente preparados para, no futuro, escreverem as memórias de uma carreira onde, acima de tudo, nunca faltaram à chamada, quando era preciso dizer aquilo que convinha.

Se Pedro Delgado Alves é o tecnocrata que adormece com leis, André Pinotes Batista é o agitador de superfície que se embriaga com a própria voz. Juntos, provam que o PS continua a produzir talento, desde que o talento não atrapalhe o guião.

E o país, claro, agradece-lhes com a mesma indiferença que se dedica aos móveis pesados, que estão lá, são úteis, mas ninguém sabe bem porquê.

Ana Gomes, a Dama da Virtude Reciclada

Barba Azul, 14.04.25

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Num país de brandos costumes e escândalos de ocasião, onde a memória é curta e a moral uma moeda de câmbio, ergue-se imponente, reluzente, enfim, esplendorosa, a figura de Ana Gomes, não como uma simples cidadã, mas como sacerdotisa do templo da Virtude, vestida não de branco, mas de um vermelho socialista convenientemente desbotado pelo tempo.

Foi uma diplomata, o que em Portugal significa que passou anos a explicar a estrangeiros porque razão o país existe. Depois, eurodeputada, onde aprendeu a arte da indignação em várias línguas, e por fim, qual Fénix indignada, renasceu nos estúdios da televisão para se tornar a consciência moral da nação, uma espécie de Cassandra lusitana, mas sem o incómodo de estar certa desde o início.

Denuncia banqueiros, ataca a promiscuidade entre política e negócios, mas esteve sentada na mesma mesa de muitos deles. Clama por justiça, mas só quando os alvos lhe convêm, porque para Ana Gomes, coerência é opcional, o essencial é a pose, a narrativa, o espectáculo.


A sua cruzada contra a corrupção é sempre externa, porque o problema são os outros, nunca os ambientes de onde veio, as redes em que se moveu, ou os silêncios que guardou enquanto era diplomata de topo, eurodeputada ou figura de referência do aparelho socialista.

Ana fala, e os microfones inclinam-se. Ela não comenta, profetiza. Cada frase é uma verborreia de princípios, cada suspiro um manifesto. Denuncia os donos disto tudo com a veemência de quem almoçou com todos eles e não gostou da sobremesa. Acusa os seus antigos camaradas com a mesma segurança com que um ilusionista revela o truque, depois de ter cobrado o bilhete.

Diz-se fora do sistema, mas carrega-o e corre-lhe nas veias. Critica o carreirismo político, como se nunca tivesse colecionado cargos, missões, medalhas e mordomias. Clama pela justiça como quem só descobriu a injustiça quando perdeu o convite para os jantares da fundação. E quando exige ética, fá-lo como quem vende água benta engarrafada no Largo do Rato.

A sua cruzada anticorrupção é, na verdade, um teatro de sombras, acusa sem provas, insinua com gosto duvidoso, e recua com classe quando confrontada. Nada lhe escapa, excepto a modéstia, o autoexame, e a memória selectiva, como convém.

Mas Ana Gomes não é hipócrita por maldade, mas sim por hábito, porque durante anos a verdade foi protocolar, a justiça, diplomática, e o silêncio, uma virtude funcional. Agora, liberta da gramática do poder, fala demais sobre tudo. Fala sempre, fala até do que ignora, o que, convenhamos, dá para várias temporadas.

Mais do que uma comentadora, Ana Gomes tornou-se uma alegoria perfeita da hipocrisia política. Acusa com fervor messiânico, mas nunca se interroga, exige reformas, mas nunca assume responsabilidades, prega ética como quem vende indulgências, sem nunca descer do pedestal que ela própria construiu com os tijolos do sistema que diz querer destruir.

Em suma, Ana Gomes é uma dessas figuras raras da política portuguesa que conseguem, com inabalável confiança, dar lições de moral ao país inteiro, enquanto tropeçam no próprio ego.
Instituiu-se como o oráculo do regime reformado, uma heroína reciclável, feita do mesmo barro que critica, mas com o verniz ético de superfície e um dom muito especial para dramatizar a decadência alheia, como se a sua fosse apenas um detalhe biográfico.

Cisma Místico no PS. As manhas do costume (2/2)

Segunda Parte

Barba Azul, 14.04.25

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No rescaldo de uma eventual derrota de Pedro Nuno Santos nas legislativas de 18 de maio, o Partido Socialista irá prepara-se com o estoicismo teatral de quem já viveu vários enterros e sempre regressa, para mais um ritual de autoflagelação e purga interna.


Mas não se trata de uma simples reunião de reflexão, é o levantar do pano para uma nova ópera buffa, em que os actores não entram em cena pela ideologia, mas pelo reflexo no espelho do poder.

No primeiro acto, surgem os Pedro-Nunistas, herdeiros da esquerda musculada e da convicção berrada, sempre prontos a morrer pelas suas ideias, desde que isso não implique perder o lugar na bancada parlamentar.

Depois, entram os Costistas de meia reforma, com o seu pragmatismo cirúrgico e a nostalgia tecnocrática de quando o PS ganhava eleições com powerpoints e serenidade fiscal.

Seguem-se os Renovadores, jovens ambiciosos que ainda acham que o socialismo se pode praticar em stories de Instagram, desde que alguém lhes dê um gabinete com vista privilegiada na cena da sobrevivência.

E finalmente, os grandes maestros da ambiguidade, os que dizem, é tempo de união, enquanto contam discretamente quantos passos faltam para chegar à liderança. São os profissionais da flutuação democrática, os oráculos do eu bem avisei, os verdadeiros especialistas na arte de estar sempre disponíveis, para tudo, menos para perder.

Este não será, pois, um cisma ideológico, será uma guerra fria de egos temperados à mesa do café, conferências e mensagens em off. E no centro disto tudo, o PS, esse enorme navio, onde todos querem comandar, mas poucos sabem remar.

Alexandra Leitão, a ministra sem pasta mas plena de criatividade, defensora do Estado forte, pode converter-se numa paladina da resistência socialista com coluna.

João Galamba, o enfant terrible que adora o confronto e já anda a ensaiar o papel de fanatismo, acusações e sarcasmos garantidos.

Fernando Medina, com ares de gestor de contas públicas, poderá posicionar-se como o regresso à sensatez, leia-se, ao poder sem paixão.

Ana Catarina Mendes, sempre em cima do muro, mas com um ouvido bem afinado para saber quando saltar, coloca-se como figura Ideal para um papel de grande unificadora… depois da carnificina ideológica.

Mariana Vieira da Silva, uma face soft do costismo, pode emergir como alternativa madura, sensata, comedida e competente, caso Medina arrebente na curva.

José Luís Carneiro, o eterno vice de qualquer coisa, poderá tentar o salto de legitimidade com discursos sobre territorialização do socialismo.

Francisco Assis, aparecerá para dar uma entrevista com ar professoral, dizendo que já previa tudo desde 1997. E depois desaparecerá.

Carlos César, o Oráculo de Ponta Delgada, surgirá para lançar a confusão e garantir que ninguém perceba bem de que lado está, até ser demasiado tarde.

Miguel Costa Matos, vai querer parecer estadista antes de ser promovido a chefe de gabinete de alguém mais velho.

Isabel Moreira, com discurso mais ideológico e de causas, pode tentar erguer uma ala progressista real, ainda que com pouco exército.

E no fim desta triste e preocupante caminhada, sobre espinhos, o Messias, ainda vai ter que se ver e confrontar com os sempre Figurantes de Luxo, ou mais conhecidos por Tertulianos de Prime Time, Francisco Seixas da Costa, Vital Moreira, Ana Gomes e afins. Cada um terá a sua tese de cisma em artigos densos, onde o PS é simultaneamente vítima, vilão e esperança.

No fundo, o cisma, quando vier, não será entre ideias: será entre vaidades mal digeridas, vinganças prometidas e adiadas, ambições de secretaria-geral e uma nostalgia difusa por um partido que já foi movimento, depois governo e hoje é sobretudo uma memória em disputa.

Cisma Místico no PS. E o Zé que pague! (1/2)

Primeira Parte

Barba Azul, 13.04.25

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Estará o PS à Beira de um Cisma Místico?

Caso Pedro Nuno Santos não vença as eleições legislativas, a 18 de Maio de 2025, o Partido Socialista poderá viver aquilo que mais teme e ao mesmo tempo, no seu íntimo, mais deseja, um cisma. Mas não um cisma qualquer, daqueles que surgem por divergências ideológicas, traições ou escândalos. Não, um cisma à moda antiga, com direito a heresia, excomunhões internas e proclamações públicas de pureza moral.

Pedro Nuno, o Santo Autoproclamado da Esquerda com Tesão, ascendeu à liderança do PS como quem desce de um altar feito de promessas de TGVs, aeroportos, nacionalizações com charme industrial e resgates simbólicos do orgulho operário. Foi ungido por uma ala do partido que acredita, com fervor quase bíblico, que a esquerda só é verdadeira se cheirar a graxa de oficina e a café de cantina sindical.

Mas, se a derrota vier, e os ventos das sondagens, já não sopram como outrora, o que poderá significar o início de um espectáculo gloriosamente hipócrita.
Os mesmos camaradas que hoje se ajoelham perante o altar de Pedro Nuno levantar-se-ão com uma ligeira dor lombar e um ar solene de quem sempre teve dúvidas. Acreditavam no projecto, mas falhou a comunicação, dirão com a solenidade de um bispo a renegar um herege que já não serve para angariar esmolas.

Do outro lado, os pragmáticos, tecnocratas e costistas arrependidos, que nunca suportaram o cheiro a massas populares e à gritaria dos plenários, estarão prontos para o golpe de misericórdia, e dirão que chegou o preciso momento de uma refundação do partido. Anunciarão, entre copos de espumante e reuniões em hotéis discretos, como se o PS fosse um software mal instalado.

Ironicamente, o que ameaça o PS não é a direita, nem o populismo, nem a abstenção. É o seu amor-próprio desmesurado e a incapacidade crónica de lidar com a realidade. Perder eleições não é um apocalipse, mas para os socialistas profissionais é o equivalente à queda de Constantinopla, e Pedro Nuno Santos, que prometia ser o novo Constantino, pode acabar como mais um Dom Sebastião perdido no nevoeiro suburbano da margem esquerda do Tejo.

O cisma virá, inevitável e teatral. E como em todos os bons cismas, haverá facções com nomes pomposos, os renovadores, os progressistas de verdade, os socialistas autênticos e, claro, os herdeiros do espírito de 1975, que ninguém sabe bem o que é, mas dá sempre jeito invocar.

No fundo, o PS não teme a derrota, teme a introspecção sempre evitada, pelos barões e baronesas, porque, se tivessem de se olhar ao espelho, talvez descobrissem que o problema não é Pedro Nuno perder, é o partido que já não sabe o que significa ganhar. E, nesse dia, nem o Santo Pedro os poderá salvar.

Por sua vez, o messias incompreendido, dirá que perdeu com dignidade e ideias, enquanto, discretamente, alimenta um regresso à la Lula.

Os autores e actores, do possível cisma no PS, são uma verdadeira ópera buffa da política portuguesa, sem rumo nem batuta, que promoverão de imediato, um desfile de prováveis protagonistas e figurantes deste drama socialista em três actos, em tudo o que é canal de informação. No final da música, é o Zé que paga.