Emanuel Fazbulha, o Futuro Radiante da Mediocridade
Há nomes que marcam uma geração. Mandela, Kennedy, Churchill e, entre nós, Emanuel Fazbulha, mais um prodígio do nosso tempo, moldado a rigor na mais fina escola de formação política, a afamada e bem conhecida Fábrica Nacional de Boys e Girls, vulgarmente conhecida como Juventude Socialista, ou Universidade do Tacho, com mestrado em Aparelhismo.
Fazbulha, que aos 17 anos já sonhava em ser vereador de qualquer coisa, nem ele sabia bem o quê, desde que desse cartão de visita, trilhou o caminho exemplar dos grandes estadistas com origem na mesma escola.
Sessões de moções vazias, jantares de networking com presidentes de secção e aquela irresistível capacidade de nunca dizer nada que possa ser verdadeiramente comprometedor, mais um talento nato, para abanar com a cabeça.
Hoje, Fazbulha é apontado, com a mesma seriedade com que se aponta um saco de lixo, como o futuro da política nacional. Um futuro, diga-se, risonho para quem gosta de regimes ocos, onde o importante não é ter ideias, mas sim colecionar cargos, comissões e fotografias ao lado de presidentes de Câmara com ar de frete.
Mas não sejamos injustos, Emanuel é fruto de um sistema que recompensa a perseverança no jogo do faz-de-conta. É preciso coragem para aguentar anos a fio em reuniões de concelhia onde se debate com fervor a melhor cor para as t-shirts da campanha. É preciso uma fibra especial para sobreviver à selva de intrigas da secção jovem, onde a traição se pratica com a leveza de quem troca cromos da bola.
Enquanto o país real trabalha, estuda, ou emigra, Fazbulha avança, como um verdadeiro self made man, patrocinado pelo erário público, com uma folha de serviços impressionante, se não, vejamos. Organização de almoços-comícios, posts no Instagram a enaltecer as conquistas do governo socialista e intervenções entusiasmadas sobre a importância do empreendedorismo, sempre debaixo do chapéu protetor de um qualquer deputado que lhe garanta a carreira.
É esta a nova esperança, Emanuel Fazbulha, o milagreiro local, com aspirações de adulto precoce da política instantânea, que acredita piamente que governar é uma extensão natural de fazer parte da máquina certa. Um fenómeno de eficiência, não lhe conhecemos ideias, não lhe registamos projetos, mas tem já garantida a admiração dos seus pares, todos eles, claro, também enfiados até ao pescoço na mesma rede de favores, cunhas e salamaleques.
A democracia portuguesa, cada vez mais esburacada de credibilidade, agradece, afinal, não é todos os dias que se encontra alguém tão genuinamente dedicado à arte de ocupar espaço sem dizer nada, de ocupar lugares sem mudar nada, de ocupar o futuro sem sonhar com nada, a não ser o seu lugarzinho nas listas, sejam elas quais forem.
Emanuel Fazbulha é o nosso aviso, o alerta encarnado de como a política, sequestrada por estas fábricas de boys & girls, se transforma num teatro de sombras, onde o talento verdadeiro é visto como uma ameaça e a mediocridade bem alinhada é premiada com cargos, assessorias e, se tudo correr bem, uma secretaria de Estado, aos 30 anos, para poder falhar com mais orçamento e mais assessores.
Por isso, ergamos uma salva de palmas ao jovem Fazbulha. Ele é tudo o que a política não devia ser, e, por isso mesmo, o retrato mais fiel do que ela infelizmente se está a tornar.