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Barrabás - o Barba Azul

Barrabás - o Barba Azul

A Arte de Subir Sem Sair do Lugar

Barba Azul, 08.04.25

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Crónica Barreirense — Sónia Alho e a Arte de Subir Sem Sair do Lugar

Há fenómenos na política local que desafiam a física, a lógica e até a paciência dos deuses da República. Um desses fenómenos dá pelo nome de Sónia Alho. Nome discreto, presença ainda mais discreta e, no entanto, uma capacidade de ascensão institucional que faria inveja a qualquer foguete da NASA ou da EMARP.

Sónia começou como professora do ensino básico, ensinando a ler, escrever e fazer contas. O que é, convenhamos, uma preparação excelente para a vida política, especialmente no que toca à arte de somar pontos, ler o momento certo e escrever o próprio destino. No Barreiro, chamam-se a essas competências soft skills. Eu chamo-lhes visão periférica e talento para o silêncio estratégico.

Em 2018, sem alarido, sem comícios, sem uma única faixa com o seu nome, lá estava Sónia, nomeada secretária política no Gabinete de Apoio à Vereação. Uma função essencial, dizem. E quem somos nós para duvidar? Afinal, o segredo de uma boa governação está na escolha criteriosa de quem tira as fotocópias dos pareceres e entrega o café à hora certa.

Mas o verdadeiro salto quântico deu-se em 2022, quando, pela graça do executivo ou de alguma entidade celestial, Sónia foi catapultada para Chefe da Divisão de Gestão Escolar. Em regime de substituição, claro, como quem diz, vamos ver se isto passa despercebido.

E passou. Como é habitual.

Dizem que gere orçamentos, transportes escolares, equipamentos educativos e talvez até o stock de resmas de papel A4. Não sabemos ao certo, porque ninguém ousa perguntar. O mistério faz parte do encanto. E o silêncio, já dissemos, é a sua maior força. Quem precisa de currículo técnico quando se tem uma aura de estabilidade funcional e uma folha de Excel bem formatada?

Sónia Alho é, portanto, muito mais do que uma funcionária pública. É um caso de estudo. Uma ode à política de bastidores, à competência invisível e ao brilho da mediocridade útil. É a resposta do universo ao dilema, de quem mete estas pessoas nos cargos, e a resposta é sempre a mesma, alguém que sabe exactamente o que está a fazer.

Sónia Alho é o produto perfeito da máquina partidária do PS, uma figura esculpida a golpes de carisma vazio e discursos de plástico, tão oca quanto os slogans que repete nos comícios. Seu sucesso não se deve a competência, mas a uma combinação tóxica de oportunismo e falta de escrúpulos, uma socialista que abraça o centrão com a mesma paixão com que ignora os princípios da esquerda.

Sónia Alho posa de renovadora, mas a sua trajectória é um manual de sobrevivência política, alinha-se fielmente aos caciques do partido, porque, no PS, subir na vida é saber lamber as botas certas na hora certa.

Domina a arte do storytelling político, posts, fotos sorridentes em eventos, hashtags como #TrabalhoDigno. Mas quando se raspa a tinta, descobre-se que os seus feitos são tão substanciais quanto um reel de 15 segundos.

Defende a igualdade, critica o neoliberalismo, mas nunca questionou os luxos do aparelho partidário, afinal, como diria o povo, socialismo é para os pobres, porque os camaradas vivem de outro orçamento.

As rivais internas tremem? Claro. Não por medo de suas ideias, mas porque Sónia Alho joga sujo, usa leaks de reuniões, monta alianças espúrias com a ala direita do PS e capitaliza escândalos alheios. É a típica política que confunde trapaça com estratégia, e o pior? Funciona mesmo e tem sucesso.

Se continuar assim, e a base do seu sustento vencer as eleições, será concerteza nomeada para uma pasta qualquer num futuro governo PS. Fará discursos inflamados sobre mudança, enquanto o sistema que a elevou permanece intocado. E Portugal, como sempre, pagará a conta.

Sónia Alho não é a renovação que o PS precisa; é o vírus que o consome por dentro. Um pacote completo de ambição, superficialidade e falta de carácter, embalado num sorriso fotogénico. A concorrência que se cuide?
Melhor seria o eleitorado despertar.

No fim de contas, Sónia representa aquilo que o Barreiro tem de mais genuíno, a capacidade de fazer muito com pouco e às vezes de fazer tudo com nada.

Porque, no fundo, Sónia não é um acaso, é um espelho, um reflexo do que o poder local mais valoriza, lealdade silenciosa, presença contida e uma impressionante aptidão para nunca fazer ondas, nem perguntas. E talvez sejamos todos culpados, por fingirmos que não vemos, por rirmos nas costas e aplaudirmos de frente.


No fundo, Sónia Alho não lidera uma divisão, ela lidera uma era, a era do chega-te para lá, que agora é a minha vez.